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29.11.08









P o r t a l Neuromancer
O Portal Neuromancer — segundo número do Projeto Portal, coordenado por Nelson de Oliveira — traz contos inquietantes que vão do universo da ficção científica ao do fantástico, passando pelo da fantasia.São dezessete narrativas sobre novas tecnologias, viagens no tempo, ciberespaço, telepatia, contatos imediatos do terceiro grau, pós-apocalipse, pós-humano, utopias e distopias, de doze autores contemporâneos.
Aviso importante: o projeto não se destina ao grande público. Cada autor receberá apenas 20 exemplares, que serão vendidos ou dados a leitores escolhidos.
Os contistas do Portal Neuromancer:Ana Cristina Rodrigues / Ataíde Tartari / Fábio Fernandes / Geraldo Lima / Jacques Barcia / J. P. Balbino / Lima Trindade / Luiz Bras / Marco Antônio de Araújo Bueno* / Nelson de Oliveira / Roberto de Sousa Causo / Rogers Silva / Tiago Araújo******
* vide "FESTINA LENTE": www.literaujobueno.blogspot.com
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11.11.08

Link do meu perfil no PORTAL LITERAL. Zeus lhe pague!



http://www.literal.com.br/perfis/araujobueno


Então, depois, os raros leitores aguardam o LINK DE VOTAÇÃO , etc. et nauseum. É.(vide comentário no "FESTINA LENTE")







10.11.08

"Tejo"_Na MINGUANTE 12- Nov/2008 (lapsus linguae)


Tejo

Podia nadar, fazer regata. Hoje posso não jogar lixo nene...

Marco Antônio de Araújo Bueno

{O microconto original tinha, como título "Tietê" e terminava com a palavra "nele". Como o mote desta edição era "Fado" achei simpático substituí-lo pelo tão pessoano nome do rio Tejo, "que não passa pela minha aldeia".Mas o que não passou pelo revisor foi "nene"...Também não publicaram na falecida sessão "MICROTEORIAS", congelada há muito, o fragmento teórico da minha tese de doutorado ("Brevidade e Epifania na Micronarrativa Contemporânea") enviado já para edição anterior, e não publicado. Esse lugar de produção teórica da internacional e única revista de micronarrativas, tão prolífico que o desejamos -será que não apostam mais "nene"? Todavia, confira-se o Fado (sem lapsus aqui; aqui não!) no :www.minguante.com


6.11.08

"Esse Tempo Insondável..."_Conto breve IV

“Esse Tempo Insondável...”

Por Marco Antônio de Araújo Bueno


Despedaçada, invadida pelas estranhas; vísceras expostas como caqui despencado ribanceira abaixo. Quase que jazia sobre superfície lajeada, viscosa, eivada de fibras viscosas vermelhas e globulências esbranquiçadas. Ao redor daquele mosaico destroçado, instrumentos pontiagudos de incisão e sondagem perfurantes e ferramentas percussivas em estado de repouso gritante, transpiravam ainda ofegantes. Imersos naquela pulsação sinistra dos atos irreversíveis. A marcha wagneriana de fundo enroscou e emitia guinchos agudos de estourar os ouvidos. Um celular reclamando em sons de urgência.
Bêbado, com seu avental branco entreaberto, a genitália exposta à fresta da persiana que prometia mais calor pelo nublado metálico, ele estava confuso e exausto apoiando-se de costas numa geladeira escancarada ainda, o pulso esquerdo latejando de tanto cortar e mexer e perfurar, distendia-se ao longo do corpo exangue enquanto o direito alcançava o aparelho numa torpeza que se dissolvia – dever cumprido – pelos ladrilhos ensebados, escorregadios. Hora de prestar contas e planejar as ações seguintes, meticulosamente, contra o tempo e as expectativas tão desfavoráveis ao feito, atendeu: Alô! “Tânia, demorou! Operação melindrosa, deu trabalho sim, ufa! Ta feito!”
Cambaleou, tomou mais uma talagada e começou a jogar água naquele cenário que o manteve em tensão ótima até então. Ao passar o rodo lembrou-se que a área externa estava imunda e escorregadia também, mas o sol já ofuscava a vista pela porta de vidro toda embaçada. Pegou o celular, tonto, meio em êxtase. Nem precisava ir pro México, regozijou-se. Tamanha perícia, planejamento e muita fé no seu taco. Riu-se e lembrou-se do perito...Mas concentrou-se em limpar os vestígios todos daquela lambança. Depois arranjaria o resto, telefonaria...Teria esquecido algum detalhe?Franziu a testa, e aquela...:
“Tânia, minha tesuda, quase ia esquecendo, aquela sua bermudinha verde-musgo, bota ela que o almoço vai ser na mesa da piscina. Vou ligar pro meu amigo, aquele perito do churrasco do hospital. Virá com a namorada, ela faz a salada. Não disse que dava um ranguinho tropical hoje? Quer saber, antes de tudo vou me dar um choque térmico! É, um mergulhão de avental e tudo, pra cortar esta narcolepcia, essa aura de lagosta e caldeirada que me descalderou todo”, e gargalhou em disparada em direção à porta da área, sem ouvir o mas o caseiro não vinha pra limpar de manhãzinha?
Vinha.Veio, esvaziou a piscina e limpou toda a sujeira de folhagem do temporal da noite. Foi-se em silêncio. Ficou a foice: uma mancha vernelho-esbranquiçada de um metro e noventa, a três metros da porta de vidro esfumaçada; dois metros e meio da superfície escorregadia. Quase um simulacro do prato exposto sobre a bancada da cozinha, naquele instante em que Tânia entrou, sentou-se em posição de lótus e ficou meditando se fratura de crânio com morte cerebral não podia virar, com o tempo, alguma forma alentadora de...narcolepcia, depois de tudo. Qualquer virada; com tempo. Não irreversível!