Total de visualizações de página

PARA VOTANTES VOTAREM

Powered By Blogger

4.4.08

Citação que inspira minha tese de doutorado

"(...) desejaria reunir uma colecção de contos de uma única frase, ou de uma só linha, se possível."
Italo Calvino - seis propostas para o próximo milénio.



{Do site de L. Eine, o editor da Minguante que sugeriu ao Carlos Seabra, que intitulasse seu e-book de micronarrativas de "E-pifanias". Em 2007, eu, no rastro de Santo Tomás de Aquino, de Jacques Lacan, de Júlio Cortazar e, especialmente, de James Joyce(no embrião do que seria o "Retrato do Artista Quando Jovem" e pelas notas melodiosas de seu "Ulisses") já intitulava minha tese assim: "Brevidade e Epifania na Micronarrativa Contemporânea". A idéia: sustar,com competência lingüística, um conto brevíssimo(trabalhei com os de dez palavras, monofrásicos ou com menos de 300 caracteres)poderia suscitar, no leitor não preguiçoso, algo da órdem de uma revelação súbita - epifânica! Joyce achava que isso era ofício do homem de letras - colher fragmentos do chão mais trivial, mais comezinho do cotidiano e torná-los epifânicos, literalizando-os.No Brasil, de Machado de Assis a Dalton Trevisan, passando pelo capítulo de frase única("Natal") no João Miramar do Oswald...
Na "Poética"(cap. XVIII), Aristóteles,aplicando brevidade na Odisséia (!) já apontava a concisão como desejável ao efeito no leitor. Em Santo Tomás, o Brevitas;Contemporâneos? Pois bem, a metáfora do iceberg de Hemingway e a idéia de "história aparente" e "história oculta" em Ricardo Píglia e mais Tchekhov e Poe - tudo apontando para a condensação e a elípce(se bem lembramos Freud, inclusive para o efeito anedótico...)como recursos narrativos que, quando radicalizados, potencializariam efeitos impactantes,epifânicos! Ora, há uma trajetória e tanto nisso tudo, reduzida (ou, não desenvolvida nem mencionada)no prefácio ao "E-pifanias" editado (e prefaciado)pelo Sr.L. Eine, a quem dou os devidos créditos pela citação de Ítalo Canvino.Parabéns a nós todos, portanto, inclusive ao escritor Marcelo Spalding Perez, autor da dissertação de mestrado(pela UFRGS) que, com a integridade e generosidade intelectuais tão rarefeitas hoje,oferece-nos um desbravador itinerário acadêmico por estas sendas,tão afeitas à hipermodernidade, como o diria Gilles Lipovetsky.